Poemas



PARA VINÍCIUS (VIA SMS)
NÊ SANT'ANNA

Poeta, poetinha,
saudades de você;
sem qualquer pudor
teclo mensagem e apelo da terrinha:
ai de nós – politicamente incorretos
Pobres Loucos Sonhadores Desbocados Classe P
(Pontue esse verso – como queira – por favor!)


Divertindo-se aí em cima
(há de se manter humor e savoir-faire)
você, certamente, já notou
(desculpe a pobreza da rima)
que nada, de fato, mudou;
continuam valendo
grana, palanque, armas, ancas
e aquela manjada artimanha:
muita retórica, grife e semântica!

Vinícius, Mestre,
seja no riso ou no pranto
ou na beleza que desfila
em calçadas de Ipanema,
de eterno, temos um alento:
sempre restará a Poesia
com seu canto livre
temperado de amor, veneno, dor, tesão ou ironia...

Vinícius, Velho,
para terminar (e também “sacanear”):
happy birthday !
(Bjs em Cora, Carlos e Cecília).

Au revoir!



ORAÇÃO DE CRIANÇA
NÊ SANT'ANNA

Menino Jesus
sei que Você não mora
em nenhuma igreja ou na cruz,
mas vive no coração das crianças
protegendo-as com Sua luz.


INSIGHT: Passarinhos e meninos não gostam de relógios, rótulos ou gaiolas.




DESABAFO
 NÊ SANT'ANNA

Eu amei...
Prenúncios de vida,
sonhos, utopias.                                                                                                                                                            
Eu desandei...
Nos meandros cotidianos,
nas lutas banais.


UN SOÑADOR
Tiago Nascimento

¡Soy un soñador!
Al insistir en  vivir,
Al negarme a la derrota,
Por desear días mejores.

Por ser quien yo soy,
¡soy un soñador!



ESTAÇÕES
NÊ SANT'ANNA

Descarrilaram-se os trilhos,
estrondosamente estúpidos,
perdidos na poeira da estrada.

Estouraram-se todos os destinos,
paisagens voaram,
perderam-se encontros,
amores terminaram.

Fecharam a porta, a bilheteria,
as grades, os portões.
Nunca mais entrarei,

a rota mudou.



UM FLASH SOBRE O AMOR
NÊ SANT'ANNA

Amor é território sem lei
sem ética, sem regras
sem fronteiras, sem pudores.
...
Amor sem paixão é morno
não pulsátil
não visceral
não leva ao inferno e ao céu.
(Em minutos,
 por qualquer gesto
 bobagem ou ciúme).
Amor com paixão é tesão na pele,
brigas madrugadas a dentro
instinto animal de marcar território
desejo de matar ou arrancar os olhos
de quem nunca – ao menos – se viu.
...
Amor “adulto” é sem graça,
lógico, racional
sexo burocrático
orgasmo sem gozo.
Amor adolescente (ainda que em qualquer idade),
é incerteza, frio na espinha
gozo sem sexo, fogo ardente.
É sentir os poros em brasa
por um olhar, um gesto
ou uma palavra.
É querer morrer num instante
e viver no seguinte,
sem o menor pudor de brigar,
de fazer bico, de fazer cócega,
de ter ciúme, de ser meio bicho!
(E até de ser invasivo).
...
Amor não tem explicação
lógica, senso crítico
muito menos de ridículo.
Mas, talvez, se não fosse assim
temperado a gozo e dor
não traria a sensação inebriante
de plenitude e momentânea  paz
que nada mais, no mundo, traz.
...
(Poetas não decodificam o amor
 poetas apenas apontam,
se é que apontam,
 nuances dessa  magia de pura incerteza

que  grande parte  dos amores permeia).



Relógio*
Tiago Nascimento

                                      Para Di Capelotti

Falta tempo?!
Ou será mesmo falta de tempo?
Ritmo acelerado contra o relógio.
Em que esquina ocorrerá
Um “oi” – “abraço” – “beijo” –
“até logo!” – “tchau!”?

O que nos afasta
Seria o mesmo que nos aproxima?

Até parece que estamos em galáxias diferentes.
Tô aqui em um sistema todo em espiral.
Mande-me notícias da Via Láctea, por favor.

Ontem te vi passar por mim.
Você nem viu meus cabelos crescerem.
Nem percebi sua barriga crescer.

Quando te olho recordo sua fala:
- “Confio em ti! Mais que você mesmo”.

Estou sempre em movimento.
Em algum momento desacelero
Pra gente se falar.

O que nos aproxima
Será o mesmo que nos afasta?

Haverá tempo para dois cafés?
Um “oi” prolongado?
Diálogo? Ver fotos?
Voltar no tempo.
Faz tempo que a gente não se vê!

Se o que nos afasta é o tempo.
Que nos sobre tempo
Para planejarmos o futuro.
Que sobre um “tempinho”
Para uma foto (ir parar na rede social).

Se for o tempo que nos afasta

Que ele trate de nos reaproximar.


*Poema selecionado e publicado para o VIII CLIPP - 
Concurso Literário de Presidente Prudente Ruth Campos  2014



Novos Versos (em Vídeo)






UM OVO
 NÊ SANT'ANNA


Foto: Tiago Nascimento

Um ovo...
Apesar da grafia
é sempre uma incógnita.
Entre outras hipóteses infinitas
pode servir pra ser frito
ir para o lixo
ou virar pinto.



Foto: Google Imagens





FÉ, PASSOS E JORNADA


 NÊ SANT'ANNA


Deus – de mim tão perto –
lá do céu,
ouviu minha oração
e docemente – para minha alma –
respondeu:
não temas, filho meu!

Continua a caminhada
sem receio dos passos dessa jornada,
descansando em meus braços
que sempre te sustentarão.

Eu sei dos teus medos,
tuas dores e fraquezas,
não temas prosseguir
nem segura tuas lágrimas;
confia, simplesmente,
Eu sei o quanto suportas
e não te deixarei cair.
Não te cobres tanto,
Graça, Amor, Vida Eterna e Salvação já tens;
então, com alegria,
– apoiado em meus braços –
cumpre tua missão.

Confia e repousa,
conversa Comigo em oração,
descansa em Meus braços
que sempre te acolherão;
e aquieta, para sempre

o teu coração.       




LOUVOR
 NÊ SANT'ANNA


Os anjos do Senhor
cuidam de mim
não deixando o frio
ser maior que o cobertor.

Os anjos do Senhor
cuidam de mim
enlaçando-me e dissolvendo
 minhas crises de cansaço e temor.

Os anjos do Senhor
cuidam de mim
protegendo-me e acampando
sem descanso, ao meu redor.

(Pois o Senhor com seus filhos está
e de todo mal nos guardará. Amém.)



LOUVOR 2
 NÊ SANT'ANNA

Eu sou de Deus
Amém.
E nada temerei
porque Deus está comigo
e os Seus anjos também.

Jesus está comigo
Jesus é meu amigo
e os meus pecados
na cruz já foram perdoados;
nada preciso temer
porque Deus está comigo
e o Espírito Santo também.

Deus está comigo
e nada temerei
porque por Sua Graça
eu sempre viverei;
e enquanto na terra estiver
eu nada temerei
porque Deus me ampara
em todos os caminhos
que eu já trilhei e trilharei.

Eu sou de Deus
Amém
e nada temerei.

(Louvo e agradeço pela misericórdia de Deus
Que nas crises me ampara

e  sustenta  meu  viver).









INSANIDADES
 NÊ SANT'ANNA

Gente certa constrói casa,
metrô, edifício...
Gente louca sonha
com novos traços
forjando outros tipos de espaço.





Tudo que há em mim

Mesmo quando perco a fé
deposito em você tudo que há em mim.
Mesmo eu esgotado
em você encontro forças.
Mesmo quando todas as portas estão fechadas
busco esperança...

Se meus olhos insistem em molhar meu rosto
sei que estás comigo.
Se não avisto luz ao longe
procuro me encontrar em você.

Mas... sem você não sei ser somente eu.

Mesmo não sendo do jeito que imaginei
em um sopro, ao vento,
sinto você do meu lado.
Quando sinto que estou desmoronando
minhas forças se renovam.
E, se a luz se apagar,
você brilhará em mim.

Do meu fim você faz começo.
Do meu avesso tudo certo ficará.

Sem medo quero te encontrar.
Para sempre em teus braços descansar.
Reconhecer que o teu amor
é o que vale realmente a pena.
Mesmo sendo eu todo ao contrário
você não se cansa de me amar.

E me ama com tudo que há em mim.




ESPELHO MÁGICO*
NÊ SANT'ANNA

Fazer amor com o reflexo no espelho,
fantasiar com o travesseiro,
imaginar um pedacinho do mundo, sem nenhum nexo.
Sonhar com o próprio reflexo.

Narcisismo? Solidão.

*Fragmento de poema selecionado e publicado em primeiro lugar no I CLIPP - 
Concurso Literário de Presidente Prudente Ruth Campos




ZUNZUNZUM*
Tiago Nascimento

                                     

Já se ouviu um zunzunzum no bairro,
que a zinha lá sai de role,
num ziguezague com tanto zelo.
pra ouvir zabumba tocar.

Zangada, num zás saiu correndo,
como zefir pelo ar,
que com tanto zelo zincou-se.

Ouviu o Zíngaro tocando.
Uma canção de amor ao zurro,
e muito zureta, fez zunzunzum.

Zunzunzum, Zumbi!
Zumbindo a zinha saiu de rolé.


*Poema selecionado e publicado no IV CLIPP - 
Concurso Literário de Presidente Prudente 2010


DONA INÁCIA
 NÊ SANT'ANNA


Dona Inácia
quando de tudo se enfadava
às suas dores, sem pudores, recorria.
E quando perguntavam
onde é que lhe doía,
simplesmente respondia:
Dói-me aqui
Dói-me ali
Dói-me acolá!

Para que especificar,
              apontar, explicar, imaginar
e até com as próprias dores se cansar?
As dores, simplesmente,
estavam lá, e:
doía-lhe aqui
doía-lhe ali
doía-lhe acolá!



FACETAS
 NÊ SANT'ANNA


Em espelhos me procuro.
Será que algum deles,
de verdade,
me retrata?



LABAREDAS*
NÊ SANT'ANNA

Fogo...
Fogo vivo,
ardendo em chamas vermelhas,
inflamando uma história.

Fogo...
Fogo ardente,
labaredas escaldantes,
consumindo a cama.

Fogo...
Fogo brando,
fogo morno,
nuances azuis,
queimando na lareira,
esquentando os pés.

Fogo...
Fogo calmo,
leves brasas,
refletindo a brancura dos lençóis castos,
transparentes.
Fogo...
Quase nada,
as chamas acinzentadas,
não desenham labaredas.
O ar é morno,
e as noites... Iguais.

As labaredas se apagando...
Fogo?

Fogo morto!

*Poema selecionado e publicado para compor a Antologia do Mapa Cultural Paulista Edição 1995.



Do fim ao começo

Tudo tem começo meio e fim!
Foi assim que aprendi.
Não explicaram se o fim já é o começo
ou se no meio pode ter um fim.
Há sempre um inicio
quando se crê que é o fim.
Se começo pelo fim
onde fica o meio e o começo?
Por que complicar se tudo é tão simples?
Enfim! Quando menos espera... é fim.
Ninguém consegue explicar
se já estava na metade
ou poderia ter mais idade
para aprender a caminhar.
No inicio da noite um fim.
No fim do dia um começo.
No começo meia história.
No meio do dia é o meio do fim.
Quem poderá explicar
a existência de tanto mistério
sem complicar que começo é fim
ou o fim só um começo?
E o meio?
Do medo de não ser assim,
se toda história tem começo meio e fim
ou no meio tudo acaba
e começa outra história.
Quem poderá explicar
se no meio da história perder o ar. 
Fim!



DOGMAS
 NÊ SANT'ANNA

Já fui
Macrobiótica
Esquerda festiva
Humanista
Pluralista
Materialista histórica
Possessiva
Perfeccionista
Racionalista
Equilibrista
E talvez, mais uma lista.
Já fui...
Hoje sou.
(humanamente sou).




UMA ORQUÍDEA
 NÊ SANT'ANNA

Minha orquídea
não liga para o tempo.
Dona de si,
floresce e descansa
descansa e floresce
no seu próprio tempo.




FINA TRAMA
 NÊ SANT'ANNA

Nós manipulamos as agulhas
com   as quais o tempo borda
e tece suas tramas e histórias.









NUEVOS VERSOS
TIAGO NASCIMENTO

Estos son los nuevos versos.
En una nueva era
De grandes poetas
Que surgen
Lejos de las grandes ciudades.

Estos son los nuevos versos
de poetas que luchan por una nueva mañana.
Versos de poetas que comen
El fruto que da esta tierra.

Nuevos versos de gran amor.
Estos son los nuevos versos
De una nueva mañana.


REDES
 NÊ SANT'ANNA

Rede nacional
Redes de contato
Redes de trabalho
Redes sociais...
Help! I need somebody help and
estenda minha rede no quintal.



ROTAÇÃO
 NÊ SANT'ANNA

É tudo pra ontem
urgente, urgentíssimo
valendo a data de entrega
no carimbo da remessa.
E a vida?
A vida segue o sol
e simplesmente...passa.



TAC TIC
 NÊ SANT'ANNA

TIC TAC  TIC TAC  TAC TIC
TAC TIC  TAC TIC  TIC TAC
TIC TAC  TACTIC  TIC TAC
O tempo não dá trégua!
TIC TAC TAC TIC  TIC TAC

Medida de toda régua!



CANÇÃO ESQUISITA*
  NÊ SANT'ANNA

A menina no berço adormece,
e o rosa pálido e a canção a embalam.

O sol aos poucos declina,
e a cantiga passa para um tom menor.

O leite é caro, a vida é dura,
a mãe raciocina e vai descendo o tom.
aos poucos as proezas da vida desencantam,
e a canção desentoa.

A menina amarela,
rompe-se em prantos e a mãe a afaga sem calor:
não há tempo para amor.

Aos poucos, as lágrimas e o amarelo da menina,

transformam o rosa pálido num cinza sem cor.


*Fragmento de poema selecionado e publicado em primeiro lugar no I CLIPP - 
Concurso Literário de Presidente Prudente Ruth Campos 



CÓDIGOS
NÊ SANT'ANNA

Poesia não traduz,
capta sinais de fumaça
batidas de tambor
álgebra de computador.
Versos não entregam:
criptografam.
(Às vezes com mais rima,
às vezes com uma puta dor).




DATAÇÃO
NÊ SANT'ANNA

Sou bipolar, inconformada e nostálgica,
de atestado e nascimento.
Acho que não nasci no tempo certo,
minha alma é meio presa nos anos 1970,
e meu corpo grita
pela tecnologia, de talvez,
5090!





PRA QUÊ?
NÊ SANT'ANNA

Pra quê eu sirvo?
Não sirvo pra muita coisa;
sirvo pra fazer versos trincados
e arte embriagada,
e é só por isso,
e porque isso me basta,
que continuo a jornada.




DESNUDO
NÊ SANT'ANNA

                                               U
                                              O
                                      CANSAÇO
                                            Ã
                                            O




CONTABILIDADE
NÊ SANT'ANNA

Quanto + envelheço
+ encolho armários
+ desço bainhas
+ seleciono palavras
+ versos enxugo
- certezas tenho
+ emoções reconheço.



MAR NO MURO
NÊ SANT'ANNA

Nunca vi um mar tão lindo
talvez por não ser o mar,
mas um muro espelhando
toda minha necessária fantasia do mar.




É!
NÊ SANT'ANNA

Há que se pensar
na vida, no seguro e na morte
em taxas de açúcar, colesterol e inflação
na tonicidade dos músculos
na escolha dos candidatos a eleição
e num cardápio saudável
para almoço e jantar.

Há que se manter
controle de pressão
a memória em dia
a libido em alta
saúde financeira
ereção e lubrificação.




MELANCOLIA
NÊ SANT'ANNA

Abri a porta
e insanamente procurei
a velha casa de frente a minha:
ela não existe mais.
Restou-me sua imagem
congelada no álbum de retratos,
prestando-se a cenário de fundo
para a nossa vida, em dezenas de fotos.
Contemplo-a mais uma vez
e fecho o álbum.
Estaremos ali para sempre:
a velha casa, os que já se foram e os que cresceram,
e nós dois...
tão jovens.




TENTATIVA DE DEFINIÇÃO
NÊ SANT'ANNA

Poesia não é papa fina,
matéria do Olimpo:
é coisa de todo dia.



DA BOCA DO LIXO
NÊ SANT'ANNA

Poeta maldito,
da lata do lixo
recolhe nosso excremento
e os publica ao vento.

(Poeta mendigo,
das nossas tripas
extrai suas rimas
e a podre emoção
converte-se em complacente canção;
bendito poeta
da boca do lixo).



LÓGICA SIMPLES
NÊ SANT'ANNA

Hoje sou.
Amanhã não sei.



IDENTIFICAÇÃO
NÊ SANT'ANNA

Eu sou aquela mulher sozinha
rodeada de muita gente.
Aquela que paga as contas
organiza armários
engole o choro e sempre perdoa.
Eu sou aquela que já quase não sente
tampouco com nada se espanta
e de afetos é meio descrente.
Eu sou aquela ali,
de olhos secos e mãos bem cuidadas
discretamente trajada
que a todos, educadamente,
cumprimenta e sorri.




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LÚCIDAS ALUCINAÇÕES
NÊ SANT'ANNA

Sonhei com meus parentes mortos
e um ser se transformando em outro.
A morte metamorfoseando-se em vida
e toda vida evaporando.

Sonhei com meus parentes vivos
com gestos dos que já foram.
Sonhei com uma larva resistente,
metamorfoseando-se em sapo,
um sapo verde,
como os de plástico.



CANETA NOVA E PENSAMENTOS SOLTOS
NÊ SANT'ANNA

Comprei uma caneta nova
porque a tinta da outra acabou.
Consumiu-se em rabiscos,
tentando me livrar da dor!
---------
Sono profundo
que não vem...
Relaxamento
que não vem...
Encantamento
que não volta!
Racionalizo...
Para não enlouquecer.
---------
Quero um pouco de calma
mas não sei viver com ela.
Será esse o drama:
pensamentos em roldanas?
---------
Por que invento,
invento, invento?
Pra fugir, pra fingir,
ou pra criar o que sei,
que nunca irá existir?
---------
Nem choro, nem vela,
nem fita amarela.
Aguente, suporte, aguente,
a dor estampada na janela
e escarrada na cara da gente.
---------
Terminei a história,
agora sinto saudade...
Do lugar, da paisagem,
dos meus personagens!






VIAGEM
NÊ SANT'ANNA

Quero caminhar
pelas ruas de pedras de Paraty,
ladeadas pelo casario multicor,
e inalar a atmosfera
de velhas décadas, livros e mar.

Quero meditar
sob um céu azul de calmaria,
em um banco de praça
ou numa cadeira de bar.

Talvez assim, ao fim do dia,
possa apaziguar minhas tormentas
e sem pressa alguma,
contemplar a lua,
refletida nas velhas ruas
entranhadas de poesia, história e mar.



BAILADO
NÊ SANT'ANNA

A lua dança na piscina
e em parceria com meus personagens
faz uma coreografia.
Não sinto inveja do bailado,
por espontânea vontade
decidi ficar de lado.



VÍCIO
NÊ SANT'ANNA

Amor adolescente
deixa marcas na gente:
às vezes nos flagramos
numa busca frustrante,
da sensação primeira e eletrizante,
em todos os outros amores... inexistente.







*********************



  2014
                                                                                                        NÊ SANT'ANNA

2014
Rolou a bola.
E agora?
Começa outro show!
Ano de Copa
é assim:
espetáculos, performances e malabarismos
sem fim.

(Exibidos em todas as mídias e “democraticamente” para todos os dogmas, gostos e afins...).




SAUDADES DO “VELHO” ABUNA (
em um poema e em um insight)
NÊ SANT'ANNA

Faz oito meses,
exatos oito meses,
que enterrei meu pai.
Faz oito meses,
exatos oito meses,
que procuro e descubro,
nos escombros banais,
outro pai e o mesmo pai.
Faz oito meses,
exatos oito meses,
que eu descobri a finitude da vida,
e os grandes dramas,
tecidos na aparente banalidade dos dias.
Faz oito meses,
exatos oito meses,
que vi meu pai num caixão.
Segurei as lágrimas,
chorei sozinha,
e tento desatar e amarrar meus nós.


Insight: SOBRE A VIDA, A MORTE, LAÇOS E TOMATES


Meu pai plantou um pé de tomate, no jardim da casa de meu irmão, pouco tempo antes de morrer; agora deu frutos. Acho que assim é a vida. Hoje percebo muitas coisas que ele quis, em vida, nos passar. E, como o pé de tomate, a seu tempo, frutificaram. Fazemos na vida o que podemos; meu pai deixou muitas histórias e também muitos gestos de bondade, e eu sei que agora ele encontrou a paz em Deus. Eu, como todos, estou fazendo na caminhada da vida o melhor que posso. E muitas vezes, desde a morte de meu pai, me flagro tentando – nem sempre conseguindo, pôr em prática dois traços de sua personalidade: a calma e a tranquilidade, que ele traduzia repetindo sempre um velho ditado: “do couro sai a correia”. 12 de setembro de 2008.

Meu pai e meu filho Gabriel – 1996










Vontade de estar

Fica o gosto do beijo,
O cheiro no pescoço,
Sussurros nos ouvidos,
Seus olhos nos meus – na hora do amor.
Meus abraços em seus braços.
Lembranças e ainda somos os mesmos.
Questiono os céus o motivo
de nossas vidas não começarem no altar???
Tão bom estar com você!
Acordar com você, beijar você.
Te ter por um dia ou noite.
Ficar suspirando pelos cantos.
Ainda sei decor cada centímetro seu.
Recordo com exatidão a geografia desse corpo seu.
Em um flashback
me transporto no tempo e ao mesmo tempo
tenho a certeza que nada mudou.
Você tem esse dom
de confundir e fazer bagunça em meu coração.
Deixa todos meus passos sem direção.
É só você surgir que todas as certezas se vão.
O nunca será nunca.
Me rendo outra e outra vez.
Estamos de volta ao inverno do passado
aquecendo nossos corpos
com todo fogo da paixão.
E mais uma vez,
como de outras vezes,
todas as certezas se vão.
E, fica a louca vontade de estar...





Cuéntame

Cuando los días son más largos,
Y el cielo se vuelve gris y triste.
Puedes contar conmigo.
Cuando tus ojos reflejan una nostalgia
Con una sonrisa sosa.
Puede contar conmigo.
Cuando nazca en tus ojos una lágrima
Y tus manos se conviertan en frío...
¡Puedes contar conmigo!
Tú eres especial para mí.
¡Cuéntame!
Vamos superar todas las barreras.
Cuando mires en el cielo una estrella solitaria...
Puedes contar conmigo.
Tú ¡siempre puedes contar conmigo!






3 comentários:

  1. Poemas sutis e cortantes! Mas com uma pitada de fina ironia. Continuem publicando. Sou fã.
    Jorge Luís

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  2. Gostei do poema do ovo. Mara

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  3. Gostei do poema do ovo. Mara

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